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 O Dilema da Disciplina

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VICTOR PASSOS
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MensagemAssunto: O Dilema da Disciplina   O Dilema da Disciplina Icon_minitimeTer Mar 25, 2008 3:28 am

O Dilema da Disciplina
É bastante comum em nossos dias ouvirmos reclamações de pais e professores, em torno do comportamento indisciplinado de crianças e jovens.

Palavrões, brigas, pichações, desrespeito aos mais velhos, desleixo com a aparência, iniciação sexual precoce, gravidez na adolescência, etc., fazem parte do rol de atitudes mencionadas para caracterizar esse comportamento indisciplinado.

Não se pode perder de vista o despreparo dos pais na condução da prole.

Quando bem dotados financeiramente, matriculam os filhos nas melhores escolas, proporcionam-lhes viagens de estudos e entretenimento, oferecem-lhes cursos de informática e idiomas, alimentação apurada, cuidando com extremo desvelo do corpo, investindo somente na sua formação intelectual.

A formação moral, quando lembrada, é relegada para alguma religião ou transferida para a escola, pois estes mesmos pais estão muito ocupados com outros afazeres ou envolvidos com outras atividades que consideram relevantes.

Nas famílias menos dotadas de recursos materiais, o desenvolvimento da criança já se vê comprometido em razão da carência alimentar, da falta de tempo dos pais para orientá-los, pois saem muito cedo para trabalhar e retornam muito tarde. Existindo então outros compiladores.

Às vezes a criança é filha de pais separados, que por razões diversas nem sempre conseguem atender convenientemente às suas carências e necessidades.

A televisão tornou-se de um tempo para cá a companheira e a educadora de muitas das nossas crianças e jovens, e, infelizmente, uma companhia altamente questionável.

É preciso que se diga, ainda, que os professores, na grande maioria, não foram preparados para lidar com crianças que apresentam problemas de comportamento e nem com aquelas portadoras de necessidades especiais.

Quando conseguem um mínimo de conhecimento teórico, é porque fazem algum curso adicional ou a larga experiência dos anos lhes fez acumular conhecimentos suficientes sobre o assunto.

Ao despreparo dos pais junta-se o despreparo dos professores.

Considerando essa variedade de fatores que, até certo ponto, explicam os problemas apresentados pelos educandos, não podemos esquecer que eles são Espíritos reencarnados, trazendo tendências e aptidões das vidas passadas. E que os mesmos possuem afetos e desafetos no mundo espiritual, influenciando-lhes direta ou indiretamente o comportamento.

Com tudo isso, como estabelecer uma disciplina que prepare, oriente e colabore na formação de homens de bem?

Didaticamente podemos pensar em três níveis de disciplina:


  • PREVENTIVA
  • PUNITIVA
  • REPARADORA
A disciplina preventiva é aquela que é trabalhada desde a gestação, perpassando todas as fases do desenvolvimento biopsicossocial da criança.

Paulo Freire (1989) salienta que a disciplina externa é necessária para estruturar a interna e que a criança entregue a si mesma dificilmente se disciplina. A presença e o exercício da autoridade paterna e materna é indispensável na construção da sua autonomia.

Parafraseando o educador Rubem Alves (1988), afirmamos que é necessário libertar a criança das disciplinas desnecessárias, a fim de que ela consiga lidar com aquelas que são inevitáveis no caminho de qualquer pessoa adulta, e até mesmo aceitá-las.

Como é importante a presença de limites, de regras na fase infantil. E disciplina não é apenas um conjunto de normas que estipulam deveres a ser cumpridos. A natureza possui uma disciplina sem a qual os mares invadiriam as regiões continentais, os continentes gelados se derreteriam, as cadeias alimentares entrariam em desequilíbrio, os planetas colidiriam uns com os outros.

O amor estabelece a disciplina do bem-querer, do perdoar incessantemente, do fazer o bem a quem nos faz o mal e assim por diante.

Não podemos e nem devemos associar disciplina a surras e agressões, pois esse tipo de postura já é violência e não disciplina.

Joanna de Ângelis (1991) fala-nos de três tipos de indivíduos adultos, que resultam de uma educação bem ou mal orientada:
a) Os insatisfeitos: são aqueles que foram vítimas de pais instáveis emocionalmente, despreparados para orientarem seus filhos para a vida. Pais violentos ou indiferentes.

b) Os dependentes: são aqueles que foram mimados, tiveram todas as suas vontades e caprichos satisfeitos, viveram numa redoma e quando em contato com o mundo, precisando cortar o cordão umbilical e decidir, optar, entram em crises ou sempre recorrem a quem possa decidir por eles.

c) Os realizados: são pessoas que vivem instantes de dependência e de insatisfação, mas conseguem administrar bem os seus conflitos. Normalmente conviveram com regras e tiveram afeto durante a infância, e graças a isso, desenvolveram uma capacidade de decidir com autonomia, correndo os riscos necessários e assumindo as conseqüências dos seus atos.

A disciplina punitiva é aquela aplicada nos presídios, nos lares onde os pais corrigem com violência seus filhos, nos países onde o crime é punido com outro crime (pena de morte), e que, inevitavelmente, não promove, não remove as causas da indisciplina.

A esse respeito Pedro de Camargo (1977) escreveu:
“Para bem agirmos em prol do saneamento moral, precisamos partir deste princípio: o crime não é o criminoso, o vício não é o viciado, o pecado não é o pecador (...) o doente não é a doença. Assim como se combatem as enfermidades e não os enfermos, assim também se deve combater o crime, o vício e o pecado, e não o criminoso, o viciado e o pecador”.

Theobaldo Miranda Santos (1964) afirma que os castigos ministrados com raiva até acentuam a revolta da criança. É necessário que ela perceba na correção de que é objeto o propósito do seu aperfeiçoamento.

A disciplina reparadora é a única capaz de ir até as causas da indisciplina, que se localizam no Espírito imortal, e que segundo Ney Lobo (1989), citando Allan Kardec, residem no instinto de conservação exagerado e no desconhecimento do passado e do futuro do Espírito. Só ela pode minimizar a crença na superioridade individual, o orgulho e o egoísmo, que conduzimos em nosso cerne.

Exemplificando, é preciso que a criança seja levada a corrigir o que errou, consertar o que quebrou, repor o que retirou, desculpar-se com quem ofendeu, fazendo sempre uma ação contrária e correta àquela que foi considerada uma indisciplina. Conscientizando-se de que errou.

É claro que isso não se consegue sempre no exato momento em que ela é flagrada em erro. É preciso que os educadores, de modo geral, tenham o tato necessário para aguardar a hora certa de solicitar a correção. No calor das emoções exaltadas é muito difícil que a criança se predisponha a essa reparação. E não raro, quando se exige isso logo de imediato, comete-se um outro erro, o de humilhá-la, obrigando-a a uma correção forçada e exterior, sem que ela se convença do seu equívoco.

Escreve o filósofo Ney Lobo (1989) que:
“O grau de responsabilidade disciplinar do educando deve ser diretamente proporcional à gravidade da falta, ao grau de liberdade em cometê-la ou não e a sua idade, não somente biológica ou mental, mas relativa ao nível espiritual. Esta idade espiritual se apresenta através dos componentes: inteligência e moralidade (variáveis de um espírito para outro)".

É com a disciplina reparadora que a criança conseguirá ser um adulto realizado, nas palavras de Joanna de Ângelis, libertando-se de sentimentos de culpa, da censura social, estruturando sua disciplina interna e utilizando seu livre-arbítrio sempre para o bem.

Diz-nos também Allan Kardec (1997) no livro "O Céu e o Inferno":
“Arrependimento, expiação e reparação constituem, portanto, as três condições necessárias para apagar os traços de uma falta e suas conseqüências. O arrependimento suaviza os travos da expiação, abrindo pela esperança o caminho da reabilitação; só a reparação, contudo, pode anular o efeito destruindo-lhe a causa."

Só nos resta investir cada vez mais na Educação do Espírito, se quisermos fazer da Terra um mundo feliz, governado por Homens inteligentes e bons, regidos pela disciplina do Amor.

BIBLIOGRAFIA.
KARDEC, Allan. O Céu e o Inferno ou A Justiça Divina segundo o Espiritismo. Rio de Janeiro, FEB,1997.
ALVES, Rubem. O Enigma da Religião. Campinas: Papirus, 1988.
CAMARGO, Pedro de. O Mestre na Educação. Rio de Janeiro: FEB, 1977.
FRANCO, Divaldo Pereira. Momentos de Consciência. Pelo Espírito Joanna de Ângelis.
Salvador: Alvorada, 1991.
FREIRE, Paulo. Dialogando sobre disciplina. In: D’ANTOLA, Arlette (org). Disciplina na escola: Autoridade versus autoritarismo. São Paulo: EPU, 1989.
LOBO, Ney. Filosofia Espírita da Educação. Rio de Janeiro: FEB, 1989.
SANTOS, Theobaldo Miranda. Noções de Filosofia da Educação. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1964
CEZAR BRAGA SAID
www.espirito.org.br/portal/download/pdf/reformador-1999-12.pdf
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